Recentemente (e muito pelo filme), li o "Grandes Esperanças" original e percebi as inúmeras mudanças. Digo que o filme de Alfonso Cuarón é uma brincadeira estilosa sobre uma obra literária bem mais complexa. Poderia ter outro título, talvez "Paradiso Perduto", como foi chamado em Portugal, e citar nos créditos iniciais sua inspiração em "Grandes Esperanças". Assim, iria diminuir a pressão de tantas comparações e satisfazer mais o público? Não iremos saber...
De qualquer forma, a produção cinematográfica realizou um ótimo trabalho em reunir elementos essenciais da trama de 1861, tendo seu foco nos capítulos em que o romance se faz presente no livro. O trio formado por Finn/Pip (e sua obsessão por merecer o amor da mulher que está apaixonado), Estella (e a frieza com que foi criada) e Mrs. Dinsmoor/Havisham (e seu plano maquiavélico de obter vingança por seu passado) conduzem a narrativa. É um tanto apressado, porém transmite de modo eficaz a mensagem sobre culpa, desejo e redenção.
"Grandes Esperanças" segue, para mim, um puro deleite cinematográfico. É uma adaptação extremamente imagética, ou seja, feita por uma sucessão de visuais impactantes. E eis que a minha favorita cena não comentei no início: é quando Finn deixa sua vernissage, corre pelas ruas movimentadas de Nova York e entra no restaurante para pedir uma dança com Estella. Uma dança que ocorre não mais no velho casarão. E, logo após trocar dois passos embalados, ele pega a mão de sua amada e os dois saem juntos do restaurante, beijando-se na chuva.
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