sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Capítulo de livro aborda a nostalgia em "Jogador nº 1"

O artigo "A nostalgicidade no cinema: Uma análise sobre imagens nostálgicas a partir do filme 'Jogador nº 1'" foi publicado como capítulo do livro "Comunicação e Mídias: Transformação em movimento", organizado por Resiane Silveira e lançado pela editora Union.  

Em suas 19 páginas, o texto aborda a nostalgia como um fenômeno contemporâneo que se manifesta em diversos setores culturais, entre eles o cinema. Para demarcar sua presença, investigamos como essa virtualidade (a qual chamo de nostalgicidade) se atualiza no cinema ficcional de Hollywood através do longa-metragem “Jogador nº 1” (Steven Spielberg, 2018), escolhido por ser um dos filmes recordistas no uso de referências. A análise do objeto ocorreu por meio do procedimento metodológico da dissecação e permitiu dar a ver articulações entre nostalgia (Niemeyer), imagens-lembrança (Deleuze), tecnocultura (Shaw), fetiche (Baudrillard), arquivo (Derrida), gamificação (Deterding) e imaginários (Mateus). Foi possível observar a nostalgicidade presente no filme analisado, incluindo seus tempos/espaços, as técnicas e as estéticas empregadas, revelando que essa virtualidade que age nas imagens cinematográficas denota a produção de uma atmosfera nostálgica.

A versão em PDF do livro está disponível nos links:
Editora Union - https://www.editoraunion.com.br/2023/12/comunicacao-e-midias-1.html 
EduCAPEShttps://educapes.capes.gov.br/handle/capes/740585

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Entrevista sobre o movimento surrealista na Revista Riviera

Em 2024, o surrealismo completou cem anos. Mesmo tendo surgido como um movimento artístico na Paris dos anos 1920, seus ideais ainda influenciam a cultura contemporânea. Como pesquisador em Artes Visuais e Cinema, fui procurado pela Revista Riviera, publicação paulistana que se encontra na 36ª edição (Janeiro/2024), para comentar sobre esse marco histórico que rompeu as barreiras da lógica. Segue abaixo os trechos completos da entrevista e os recortes da revista:

"O surrealismo carrega consigo uma forte veia política por figurar em um período entre as duas guerras mundiais. Nesse sentido, traduz os anseios daquela época, pois não tinha como se manter uma arte racional frente à barbárie do conflito armado. Sua manifestação é influenciada pela ascendente Psicanálise, defendida por Freud, fazendo evocar o inconsciente humano por meio da arte. Desta forma, o surrealismo rompe com as barreiras da lógica ao misturar sonho e realidade, criticar o sentido concedido às coisas e transgredir os padrões sociais. Esse modelo, defendido em manifestos escritos por André Breton, tanto em 1924 quanto em 1930, valoriza a experimentação, a ausência de regras e a pluralidade de leituras poéticas. As obras surrealistas buscam afetar o público, fazendo-o sentir diferentes intensidades a partir de momentos de introspecção e reflexão. Ao se tornar uma arte livre, torna-se também um marco na história" (MC). 

"O movimento surrealista, sem dúvidas, teve seu auge entre as décadas de 1920 e 1960, sendo constantemente lembrado pelas obras de nomes como Salvador Dalí, René Magritte, Joan Miró, Max Ernst, Luis Buñuel, Marc Chagall, Leonora Carrington e até mesmo Frida Kahlo. Embora associado a esse período, o legado surrealista seguiu influenciando diversas produções culturais até hoje. Tornou-se mais difícil encontrar artistas que se consideram surrealistas, porém os preceitos da corrente artística são utilizados para a concepção de inúmeras obras, da cerâmica à pintura, do videoclipe ao longa-metragem, da literatura à moda" (MC). 


"O cinema foi um dos principais propulsores da arte surrealista no mundo. Entendia-se essa linguagem como o ambiente propício para borrar os limites entre sonho e realidade. O conceito de “livre-associação”, de Freud, também foi bastante utilizado nos filmes surrealistas, encorajando o espectador a relacionar as confusas imagens com suas possíveis interpretações. Os clássicos do cinema surrealista são assinados pelo diretor Luis Buñuel, desde o famoso curta-metragem “O cão andaluz” (1929) até a retratação de um brutal experimento social em “O anjo exterminador” (1962). A mesma construção de experiência cinematográfica é observada em filmes das décadas seguintes, como “O ano passado em Marienbad” (1961), “O discreto charme da burguesia” (1972)”, “Querelle” (1982), “Naked lunch” (1991), “Um sonho encantado” (2006) e “Mãe!” (2017). A proposta de remontar histórias como um quebra-cabeças, confundindo o público, pode ter reflexos surrealistas na contemporaneidade, desde “Amnésia” (2000), cuja trama é conduzida do final para o início, até seriados como “Dark” e “1899”, que misturam linhas temporais e deixam inúmeras pontas soltas. Um dos mestres do surrealismo contemporâneo é o diretor David Lynch. Sua filmografia inclui poucas produções consideradas tradicionais, uma vez que o restante são filmes abertos para todo tipo de leitura, como “Veludo azul” (1986), “A estrada perdida” (1997), “Cidade dos sonhos” (2001) e “Império dos sonhos” (2006). Além, é claro, da série “Twin Peaks”. O próprio Lynch, durante as gravações de “Império dos sonhos”, chegou a afirmar que não tinha um roteiro prévio e foi filmando cenas e fragmentos sem saber como esses pedaços se conectariam na ilha de edição. Logo, podemos perceber que as obras de inspiração surrealista não são lógicas e racionais, inclusive, criticam esse tipo de pensamento. As pessoas procuram pelo surreal quando querem fugir da realidade, a fim de despertar outras emoções e deixar a razão de lado. Essa busca se faz presente na contemporaneidade e deve seguir como algo inerente ao ser humano" (MC). 


A edição completa no formato flip pode ser visualizada aqui. A matéria se encontra nas páginas 32 a 36. 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Artigo na Revista Interin discute Netflix, nostalgia e Stranger Things

 O artigo "Netflix como a plataforma da nostalgia invertida': Pistas a partir de 'Stranger things'", de autoria minha e do meu orientador Gustavo Daudt Fischer, foi publicado na Revista Interin (Qualis B1) do Programa em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná (PPGCOM/UTP). 


Resumo:

Discutimos, a partir de uma breve flânerie em imagens associadas à Netflix pela experiência de navegação na plataforma e através de publicações nas redes sociais, a ideia de uma “inversão” dos sentidos que associam inicialmente a nostalgia à dor melancólica pela passagem do tempo para tornar-se uma prática comunicativa cujo intuito é gerar bem-estar e interação com o público. Enquanto tendência da cultura audiovisual voltada ao consumo de experiências saudosistas, a Netflix emerge em nossos resultados, com destaque para a série Stranger things (2016), como a plataforma da nostalgia “invertida”, uma vez que tenciona os sentidos mais usuais do termo.


O artigo completo está disponível aqui:
https://seer.utp.br/index.php/i/article/view/2968