sábado, 26 de setembro de 2020

"Grandes Esperanças", de Charles Dickens

"Grandes Esperanças" é um novelão dos melhores. Conta a história do jovem Pip, órfão que recebe uma herança, renega o passado e se muda para Londres, a fim de tentar se inserir na alta sociedade e obter equiparidade social para conquistar Estella, um amor à primeira vista despertado na infância.  

Familiarizado (e fã) do filme de 1999, uma versão moderna do original, não esperava encontrar tantas subtramas e camadas oferecidas por Dickens. O terceiro ato, por exemplo, pouco aborda o romance entre Pip e Estela, considerada a tônica da narrativa. Há muito mais a ser resolvido em sua entrelaçada trama. 

Ao ler as mais de 700 páginas, a primeira impressão é que muitos dos capítulos são despropositados. Bastante enrolação e desvios do foco principal da narrativa. Ledo engano. O escritor britânico costura muito bem os arcos de cada personagem, o que tornou uma grata surpresa perceber que o livro é muito mais complexo do que esperava. 

Surpreendi-me ao constatar que Magwitch é um dos protagonistas! Vários outros personagens ganham destaque, como o advogado Jaggers, seu ajudante Wemmick, a jovem Biddy, a Mrs. Joe e o amigo Herbert. 

Além de um certo desconforto com alguns trechos empolados, o único apontamento é que Dickens poderia ter feito uma crítica mais feroz para a burguesia inútil da época (ou de sempre?). Foi contida, mas a mensagem se faz presente. Ainda assim, não restam dúvidas de que "Grandes Esperanças" é um clássico. Quero mais Dickens!


MUITO BOM
16/2020

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Apenas algumas vezes...

            

Trecho do filme "Antes do pôr do sol" (2004), de Richard Linklater

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons

Mais de três décadas depois da publicação, "Watchmen" segue brilhante. Sua linguagem e construção de narrativa impressionam a cada página, sendo praticamente o storyboard de um longa-metragem. Aliás, Zack Snyder fez poucas mudanças ao realizar sua fiel adaptação da obra para o cinema. 

Porém, nem tudo é perfeito. O ritmo da história oscila bastante, principalmente quando mescla com uma subtrama envolvendo um pirata ou diálogos entre um garoto e um jornaleiro. Mas, isso não é nada comparado aos problemas mais sérios de "Watchmen", que recaem no viés preconceituoso, tanto gordo quanto homofóbico. Mesmo que por vezes seja proferido pelo questionável Rorschach, o roteiro parece que valida esses argumentos. Outro equívoco grave é a romantização de um estupro, sendo no mínimo revoltante. 

Para além dessas questões, que podem ser amenizadas pelo contexto histórico, "Watchmen" é uma obra-prima, uma vez que sua atmosfera steam punk, o teor urgente de mudança política e os dramas humanos são atemporais. Mais que uma HQ clássica sobre super-heróis, é uma reflexão sombria e melancólica sobre a humanidade. 


MUITO BOM
15/2020

domingo, 6 de setembro de 2020

O abismo nos olha de volta



"Somos uma sociedade de deprimidos, de angustiados, e não conseguimos lidar com esse fenômeno que é viver. É como se a vida no século 21 tivesse perdido completamente a razão de ser. Nós não vivemos a vida, nós vivemos por curtidas na rede social, nós vivemos para exercer poder sobre os outros, nós vivemos para fingir que não somos mortais. É esse o nosso grande abismo".


Viviane Mosé