quarta-feira, 24 de novembro de 2021

"A última festa", de Lucy Foley

Em sua estreia na literatura de suspense, Lucy Foley demonstra uma escrita madura e engenhosa para construir a teia de um mistério. "A última festa" acompanha nove amigos de 30 e poucos anos que se conheceram na universidade e, todo réveillon, viajam juntos para algum lugar exótico. Desta vez, na virada para 2018, o grupo decide se hospedar em uma propriedade distante na Escócia, lugar que será palco de um assassinato. 

Mais que o crime e a descoberta do assassino, o interessante é descortinar as intrigas envolvendo esse grupo de amigos ao longo dos anos. O cenário idílico, que os deixa isolados após uma forte nevasca, torna tudo ainda mais sufocante. Mesmo com uma conclusão não muito convincente, a resolução do mistério faz certo sentido e, ao menos, não opta por recursos "deus ex machina", uma tendência nas obras recentes do gênero.

"A última festa" é uma narrativa viciante do início ao fim, o que por si só já demonstra uma proeza impressionante da escritora. Os capítulos, muitas vezes, tornam-se pequenos contos, podendo gerar reflexões individuais. E sempre deixam com vontade de continuar a leitura. O chamativo a respeito da obra é a sua inspiração nos romances de Agatha Christie e a forma como Foley humaniza os protagonistas, oferecendo mais e mais camadas psicológicas. 

MUITO BOM