quarta-feira, 14 de outubro de 2020

"Carrossel sombrio e outras histórias", de Joe Hill

O livro do mês de aniversário da TAG me apresentou Joe Hill. Este nome já havia chegado até mim, mas não sabia que o escritor era filho do mestre Stephen King. A constatação me deixou empolgado em pegar para ler a coletânea "Carrossel sombrio", lançada em 2019 e que oferece 13 histórias envolvendo fantasia, psicologia, horror e dramas familiares. 

Logo de imediato, as narrativas chamam atenção pela habilidade em que o escritor, no início de cada conto, joga o leitor no meio de um acontecimento em curso, apresentando aos poucos as pistas do que realmente está acontecendo. Esta escolha desperta a curiosidade em desvendar cada uma das perturbadoras histórias. 

Se, por um lado, o autor sabe como envolver seu público, por outro, apresenta uma incapacidade em oferecer finais satisfatórios. A maior parte das narrativas perde impacto justamente em seus desfechos, chegando a soar como inacabadas ou experimentais. 

Ainda assim, o conteúdo reunido em "Carrossel sombrio" é bastante diversificado, com espaço para homenagem a filme de Steven Spielberg ("Alta velocidade"); experimentações na forma escrita ("O diabo na escada" e "Twittando no Circo dos Mortos"); parceria com o pai famoso ("Campo do medo"); e flerte com ficção científica ("Devoluções atrasadas").

Como a maior parte dos livros de contos, o saldo é irregular. Os melhores são: "Tudo o que me importa é você", que utiliza de uma alegoria futurista para abordar a dificuldade existente nas relações humanas, e "Estação Wolverton", o qual considero uma visão extremamente ácida sobre a frase "O homem é o lobo do homem", de Thomas Robbes. 

Vale destacar a introdução do livro em que Joe Hill conta como é ser filho de Stephen King e, ainda em tempo, a edição mais do que caprichada da TAG Inéditos, repleta de belíssimas ilustrações, sendo capazes de tornar a experiência ainda mais imersiva. 

BOM
18/2020

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Quotes SFU - 18

Karla: Eu posso ser uma drogada, mas eu nunca machuquei a minha filha.
Keith: Era assim que as pessoas criavam os filhos antigamente. Cansei de vê-la culpar o pai pelas coisas erradas na sua vida. 
Karla: Por favor, você sabe como qualquer coisinha o faz perder a cabeça.
Keith: Eu acho que ele mudou. As pessoas mudam. 
Karla: As pessoas não mudam. Elas envelhecem, só isso.


Six Feet Under S02E11

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

"A filha do rei do pântano", de Karen Dionne

Drama e thriller ao mesmo tempo, "A filha do rei do pântano" é um conto complexo e, por vezes, perturbador. Conta a história de Helena, uma jovem mulher fruto de um sequestro. Sua mãe foi raptada e mantida em uma cabana na floresta, onde a protagonista nasceu e permaneceu sem saber a verdade até aos 12 anos, quando foi resgatada. Enquanto viveu isolada, desenvolveu um forte vínculo com o pai criminoso. 

Agora, depois de muitos anos preso, o sequestrador foge da penitenciária. Então, Helena decide caçar seu pai, pois sabe que é a única pessoa capaz disso, em virtude de ter sido treinada por ele, com a capacidade de percorrer o pântano e seguir seus rastros. 

"A filha do rei do pântano" é uma leitura viciante, pesada e curiosa. A protagonista navega por sentimentos conflitantes durante toda sua jornada, entre amor e ódio dirigido ao seu opressor. O caminho em busca da superação se revela bastante violento conforme Helena precisa lidar com diversos traumas. Recomendo!


MUITO BOM
17/2020

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Quotes SFU - 17

Nate: Eu ainda não contei para ela (Brenda) sobre a minha doença.
Ari: Como não contou isso para a sua alma gêmea?
Nate: Nem sei se ela é minha alma gêmea.
Ari: Entendi. Ela não é a sua alma gêmea, mas vai se casar porque não tem nada melhor para fazer?! Que ótimo.
Nate: Ei, eu nem sei o que é alma gêmea. Você sabe?
Ari: Aquela pessoa que o leva a ser o mais autêntico possível. Talvez a sua alma gêmea seja... a pessoa... que mais force a sua alma a crescer. Nem todo crescimento dá prazer.


Six Feet Under S02E07

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Algum barulho para: "Mrs. America"

 

"Mrs. America" é uma minissérie que acompanha um importante capítulo da história do movimento feminista. O foco é a articulação de lideranças durante a década de 1970 nos Estados Unidos. De um lado, as progressistas, que defendem direitos iguais entre homens e mulheres, do outro, as conservadoras, que temem perder seus "privilégios" de donas de casa. 

O debate é curioso e provoca interessantes questionamentos. Porém, também soa de gosto duvidoso ao humanizar a personagem de Phyllis Schlafly (Cate Blanchett), advogada que lutou contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o ingresso de mulheres nas forças armadas e a ampliação de direitos trabalhistas para mulheres. Todas essas causas faziam parte da Equal Rights Amendmant (ERA). 

A atração televisiva da FX acompanha os bastidores da campanha da ERA através de votações em cada estado norte-americano. Apresenta figuras valiosas da luta feminista, como Gloria Steinem (Rose Byrne), Betty Friedan (Tracey Ullman), Bella Abzug (Margo Martindale), Shirley Chrisholm (Uzo Aduba) e Jill Ruckelschaus (Elizabeth Banks). Praticamente uma aula sobre cada uma dessas mulheres, já que os capítulos são temáticos e focam num nome por vez. 

O ponto alto, sem dúvidas é o elenco poderoso, tendo Blanchett a frente com mais uma brilhante performance. Sua Phyllis gera demasiado incômodo ao provocar simpatia e repulsa ao mesmo tempo. Incômodo também é o sentimento ao retratar uma luta entre mulheres, uma vez que deveriam se unir contra o verdadeiro inimigo: o machismo. Por vezes, falta sororidade em tela. "Mrs. America" perde a oportunidade de investir em uma mensagem mais enfática, sem conceder tanta voz e espaço para argumentos perigosos. 


BOM