quarta-feira, 25 de novembro de 2020

"A cidade dos hereges", de Federico Andahazi


Em "A cidade dos hereges", Federico Andahazi crava o dedo numa das principais feridas da humanidade ao realizar uma feroz crítica à Igreja Católica. A leitura é pesada e oferece constantemente um gosto amargo. A trama inclui estupros e mortes variadas, inclusive uma Via Crúcis. É tanta violência que dói o peito em certas páginas. Tudo transcorre em nome da fé. 

O escritor argentino utiliza o mito do Santo Sudário de Turim como fio condutor da narrativa. A partir deste objeto, escancara-se o quanto a religião é feita pelos homens, na maioria ardilosos em suas ações em busca da dominação. 

O resultado é fascinante, mas o livro tem seus pontos fracos: parágrafos muito longos e descritivos, sendo alguns trechos redundantes e/ou preciosistas. As passagens que envolvem o manuscrito de Christine são cansativas, por exemplo, e enfraquecem o ritmo da narrativa. Também há um atropelo dos acontecimentos nas últimas páginas. 

Mesmo com algumas derrapadas na construção, a maioria da parte técnica, "A cidade dos hereges" é poderoso e sua mensagem reverbera por muito tempo depois do término da leitura.  


MUITO BOM
25/2020

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