sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

São memórias pelas lentes do presente


"- Você acha que é possível enxergar o passado como ele realmente aconteceu?
- Eu vejo o passado como ele realmente aconteceu - respondeu Maeve, olhando para as árvores. 
- Mas nós sobrepomos o presente a ele. Olhamos para o passado pela lente do que sabemos agora, então não o vemos como as pessoas que éramos, vemos com os olhos das pessoas que somos hoje, o que significa que o passado foi radicalmente alterado. 
Maeve deu uma tragada no cigarro e sorriu"


Livro: "A casa holandesa", p. 51

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

"A última festa", de Lucy Foley

Em sua estreia na literatura de suspense, Lucy Foley demonstra uma escrita madura e engenhosa para construir a teia de um mistério. "A última festa" acompanha nove amigos de 30 e poucos anos que se conheceram na universidade e, todo réveillon, viajam juntos para algum lugar exótico. Desta vez, na virada para 2018, o grupo decide se hospedar em uma propriedade distante na Escócia, lugar que será palco de um assassinato. 

Mais que o crime e a descoberta do assassino, o interessante é descortinar as intrigas envolvendo esse grupo de amigos ao longo dos anos. O cenário idílico, que os deixa isolados após uma forte nevasca, torna tudo ainda mais sufocante. Mesmo com uma conclusão não muito convincente, a resolução do mistério faz certo sentido e, ao menos, não opta por recursos "deus ex machina", uma tendência nas obras recentes do gênero.

"A última festa" é uma narrativa viciante do início ao fim, o que por si só já demonstra uma proeza impressionante da escritora. Os capítulos, muitas vezes, tornam-se pequenos contos, podendo gerar reflexões individuais. E sempre deixam com vontade de continuar a leitura. O chamativo a respeito da obra é a sua inspiração nos romances de Agatha Christie e a forma como Foley humaniza os protagonistas, oferecendo mais e mais camadas psicológicas. 

MUITO BOM 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Sobre perdas


 Filme: "Gênio indomável" (1997)

domingo, 5 de setembro de 2021

"1793"


Se "1793" estiver em uma prateleira, certamente, será um dos livros mais perturbadores ali presentes. A estreia do escritor sueco Niklas Natt och Dag oferece um retrato da imunda e violenta Estocolmo no século 18. Acompanha-se a investigação de um crime chocante a partir de quatro personagens fundamentais para a trama: o advogado moribundo Cecil Wing, o sentinela bêbado Mickel Cardell, a jovem órfã Anna Stina Knapp e o aprendiz de cirurgião (e também golpista) Kristofer Blix. O caminho destas trágicas figuras acompanhará mortes, práticas de tortura, amputações, estupros, decapitações, tentativas de aborto e de automutilação. Não falta sangue escorrendo pelas páginas do livro. 

Niklas poderia ser chamado de sádico em se munir de temáticas nauseantes, porém é extremamente habilidoso em engendrá-las a favor de um instigante mistério que se completa com maestria - e ainda oferece interessantes reviravoltas. Seu talento entrega também uma atmosfera pútrida, cujo fedor exala do livro aberto, para o passado da capital da Suécia, sendo fiel à sujeira e à crueldade do período histórico. Tal ambientação escatológica lembra a de "O perfume", de Patrick Süskind, enquanto a trama flerta com os romances sombrios e eróticos do argentino Federico Andahazi. 

"1793" se tornou um fenômeno internacional e ainda recebeu diversos prêmios literários na Europa. Já ganhou a continuação "1974" (ainda inédita no Brasil) e deve ser finalizado como trilogia. De qualquer forma, o primeiro título é uma história concluída, sem necessidade dos demais. O resultado obtido por Natt och Dag (curiosamente, traduzido como 'noite e dia') é um thriller repulsivo e fascinante.


MUITO BOM

quinta-feira, 29 de julho de 2021

(Re)viver

"Você nem sabe quem eu sou. Eu sou feita de pedaços, de desenhos, de réplicas... Pedaços de uma mulher que você ama. Eu acho que você ama. Você foge dela, mas você a ama. Você também não é mais o mesmo. Em vez de procurar nas primeiras lembranças dela, encontre o que ela tem de bonito, triste, surpreendente, hoje. Nós não podemos reescrever as pessoas exatamente como gostaríamos que elas ficassem. É necessário aceitar ser decepcionado, ser criticado, ser previsível, ser menos brilhante, ou o que seja, caso contrário, viveríamos somente os inícios".


Trecho do filme "La belle époque" (2019)

sábado, 24 de julho de 2021

Broadway of mine


Criei uma playlist no Spotify com trilhas sonoras de filmes, principalmente musicais, muitos deles com versões originais ou adaptados da Broadway. Vários são recentes, como "Moulin Rouge", "Chicago", "O fantasma da ópera", "Mamma Mia", "Rent - Os Boêmios", "Hairspray", "Nine", "O rei do show", "La la land - Cantando estações", "Dreamgirls", "The prom", "Rock of ages" e "Os miseráveis". 

Há alguns um pouco mais antigos, como "Cabaret", "Grease" e "Cats". E filmes cuja trilha sonora são um destaque: "Labirinto" e suas canções de David Bowie e "Show Bar/Coyote Ugly" com o pop chiclete de LeAnn Rimes. Este é um passeio pelo gênero mais pulsante da Sétima Arte capaz de faz cantar junto e ter vontade de reassistir todos títulos novamente.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Quotes SFU - 23

 


Nathaniel: Não me venha com essa besteira existencial. Eu espero mais de você. A questão está na sua frente...
David: Desculpa-me, mas não consigo enxergar.
Nathaniel: Você não está nem um pouco agradecido, né?
David: Agradecido? Pela pior experiência da minha vida?
Nathaniel: Você se apega à dor como se ela valesse de algo. Bom, deixa eu te dizer. Isso não vale de nada. Supere, deixe ir. São infinitas possibilidades, e tudo que você faz é lamentar. 
David: Então, o que eu deveria fazer?
Nathaniel: O que você acha? Você pode fazer o que quiser, seu sortudo. Você está vivo! O que é uma pequena dor comparado à isso?
David: Não pode ser assim tão simples...
Nathaniel: E se for?

Six Feet Under S04E12


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Dúvidas e certezas


 Filme: "500 dias com ela"


Comento sobre essa preciosidade aqui.

terça-feira, 13 de julho de 2021

O jogo do tempo


VIDA/TEMPO

(poema de Viviane Mosé)


Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?
O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor.
O tempo riscou meu rosto com calma
Eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
A vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
A vida anda passando.
Acho que a vida anda.
A vida anda em mim.
Acho que há vida em mim.
A vida em mim anda passando.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
E por falar em sexo
Quem anda me comendo é o tempo
Na verdade faz tempo
Mas eu escondia
Porque ele me pegava à força
E por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente
E disse: Tempo,
Se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento
E me olhando nos olhos
Acho que ganhei o tempo
De lá pra cá
Ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Destino


Filme: "Grandes Esperanças" (1999)

Comento sobre o filme aqui. E também sobre o artista Francesco Clemente, cujas obras compõem o  imaginário pulsante na tela.

domingo, 11 de julho de 2021

Mil fantasmas gritam

A quarta temporada de "Elite" serviu apenas para uma coisa: conhecer o talento de Ambar Lucid <3 Recomendo todo o álbum "Garden of Lucid" (2020).

Fantasmas

Destiny left its mark in the room
It's got me open wide, now I'm waking at noon
How can I forget your presence
When having you around just isn't so pleasant?

Aquí nunca hay soledad
Mil fantasmas gritan en calma
I've seen somewhere in between
Mil fantasmas gritan en soledad
I think we both know, you've noticed it too
It isn't just you and me alone in this room
How can I forget your presence
When having you around just isn't so pleasant?
Aquí nunca hay soledad
Mil fantasmas gritan en calma
I've seen somewhere in between
Mil fantasmas gritan en soledad
Tu fantasma vive aquí
Why'd it take so long for you to see?
Aquí nunca hay soledad
Mil fantasmas gritan a encalmar
I've seen somewhere in between
Mil fantasmas gritan en soledad

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Olhar mais perto

 


Filme: "Closer - Perto demais" (2004)

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Ideologias, sonhos e juventude

 


Filme: "Os sonhadores" (2003)

terça-feira, 11 de maio de 2021

Na pele

 


Filme: "A luz entre oceanos" (2016)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Retrospectiva 2020 - Jogos de tabuleiro

Ao contrário de outros hábitos culturais, os jogos de tabuleiro pegaram um pouco de poeira durante 2020. A pandemia impediu a realização de jogatinas presenciais. Ainda assim, 35 jogos foram para mesa em 101 partidas. A maioria delas tendo sido realizadas nos três primeiros meses do ano, sem distanciamento social. O resultado, referente aos boardgames preferidos em 2020, segue abaixo:

- AZUL e KINGDOMINO - 10 partidas cada
- BIBLIOS, EXPLORADORES e LUXOR - 7 partidas cada
- CENTURY e DREAM HOME - 6 partidas cada

- FAE - 5 partidas 
- CELESTIA, EXPLODING KITTENS, KANAGAWA e THE QUEST TO EL DORADO - 3 partidas cada
- 7 WONDERS DUEL, HADARA, HARU ICHIBAN, HIGH SOCIETY, LUNA, SABOTEUR, TICKET TO RIDE e TTR: PAÍSES NÓRDICOS - 2 partidas cada
- ABYSS, ALHAMBRA, A ILHA PROIBIDA, BROOM SERVICE, CATAN, CYCLADES, DESERTO PROIBIDO, FUNGI, JÓRVIK, KRONIA, PANDEMIC, SANTORINI, SCHOTTEN TOTTEN, SOCIEDADE DOS SALAFRÁRIOS e STONE AGE - 1 partida cada


domingo, 10 de janeiro de 2021

Retrospectiva 2020 - Livros

 


2020 foi o ano de retomar o hábito pela leitura. Totalizei 40 livros e 13.408 páginas. Entre os destaques:
* 20 títulos da TAG Inéditos (coluna da esquerda)
* 14 escritos por mulheres
* 6 livros de John Boyne
* 4 clássicos ("A morte de Ivan Ilitch", "Grandes Esperanças", "Macbeth" e "O corvo")
* 3 releituras ("O dia do curinga", "O menino do pijama listrado" e "Watchmen")
* 2 HQs ("Condado de Essex" e "Watchmen")
* 2 autobiografias ("Nascido do Crime" e Woody Allen)

Top 5:
"Os sete maridos de Evelyn Hugo"
"O sol mais brilhante"
"Grandes Esperanças"
"Miniaturista"
"Nascido do Crime"

Que venha mais em 2021!

sábado, 2 de janeiro de 2021

Retrospectiva 2020 - Séries

O isolamento social incentivou, durante o ano de 2020, o consumo de entretenimento televisivo. Na retrospectiva, assisti 593 episódios de um total de 59 seriados. Esses números foram quase três maiores na comparação com o ano anterior. Segue abaixo todos os títulos assistidos e, ao final, os 10 melhores:  




Fonte: Banco de Séries