quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Algum barulho para: "Mrs. America"

 

"Mrs. America" é uma minissérie que acompanha um importante capítulo da história do movimento feminista. O foco é a articulação de lideranças durante a década de 1970 nos Estados Unidos. De um lado, as progressistas, que defendem direitos iguais entre homens e mulheres, do outro, as conservadoras, que temem perder seus "privilégios" de donas de casa. 

O debate é curioso e provoca interessantes questionamentos. Porém, também soa de gosto duvidoso ao humanizar a personagem de Phyllis Schlafly (Cate Blanchett), advogada que lutou contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o ingresso de mulheres nas forças armadas e a ampliação de direitos trabalhistas para mulheres. Todas essas causas faziam parte da Equal Rights Amendmant (ERA). 

A atração televisiva da FX acompanha os bastidores da campanha da ERA através de votações em cada estado norte-americano. Apresenta figuras valiosas da luta feminista, como Gloria Steinem (Rose Byrne), Betty Friedan (Tracey Ullman), Bella Abzug (Margo Martindale), Shirley Chrisholm (Uzo Aduba) e Jill Ruckelschaus (Elizabeth Banks). Praticamente uma aula sobre cada uma dessas mulheres, já que os capítulos são temáticos e focam num nome por vez. 

O ponto alto, sem dúvidas é o elenco poderoso, tendo Blanchett a frente com mais uma brilhante performance. Sua Phyllis gera demasiado incômodo ao provocar simpatia e repulsa ao mesmo tempo. Incômodo também é o sentimento ao retratar uma luta entre mulheres, uma vez que deveriam se unir contra o verdadeiro inimigo: o machismo. Por vezes, falta sororidade em tela. "Mrs. America" perde a oportunidade de investir em uma mensagem mais enfática, sem conceder tanta voz e espaço para argumentos perigosos. 


BOM

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